Tivémos uma recepção fantástica pelo pessoal da organização, por sinal bastante simpáticos e atenciosos, onde se inseriam os amigos Otília e Brito.
No Entroncamento fomos transportados em autocarros para o local da partida, Aldeia do Mato. Ansiosa pelo momento da partida! No fundo tinha a certeza que ía gostar, mesmo não sabendo propriamente o que me esperava. Comigo levei uma bolsa de cintura com 3 saquetas de gel que o meu pai me deu para me vitaminar e o telemóvel, onde gravei o contacto da Organização, nunca se sabe. O Brito disse algumas indicações antes do início e lá nos lançámos à aventura. Parece que estou a ver as imagens à minha frente, os sítios por onde passámos, os ribeiros que não tivémos outra hipótese senão atravessá-los, o lamaçal, os trilhos entre aquela natureza lindíssima e o seu cheiro característico, as paisagens maravilhosas, desde a Barragem do Castelo de Bode com a pressão da queda de água no rio Zêzere fazendo um efeito espectacular ao olhar de quem passava. Desconhecia estes locais, por completo. Foi com este espírito que me lancei à aventura ao lado do meu pai, com objectivo de fazer algo novo sim mas apreciando cada momento que passei, corríamos e parávamos para tirar fotos um ao outro, se fosse por mim tinhamos parado mais vezes ainda. Mas tínhamos de avançar. E foi assim, um percurso sempre com o inesperado a surgir, descidas e subidas bem íngremes sendo estas feitas a andar pois de contrário era-nos impossível e tínhamos que nos resguardar para o que viria. Quando apareceu o abastecimento dos 19,5 km, aproveitei para me vitaminar bem. Aí vi que estava com fome. Soube-me tão bem! Foi nesse momento que recebi uma chamada do meu marido, pensava ele que já tinhamos acabado, mas ainda íamos a meio, e só lhe disse "Estou a adorar". Entretanto passámos por Constança, e fui com o meu pai até cerca dos 22 km, estava a sentir-me bem e então disse-me para eu seguir, estávamos com cerca de 3h de corrida. Se querem saber não dei pelo tempo passar tão rápido e nunca tinha estado tanto tempo a correr. O que é certo é que me sentia bem quer de pernas e também de respiração. E decidi continuar ao meu rítmo. Outra novidade para mim é que todo o percurso estava marcado por fitas que nos orientavam e tínhamos que ir sempre atentos, especialmente quando os da frente se afastaram. Enganei-me 2 vezes, e voltei para trás, nessa altura pensei será que o meu pai também se vai enganar? Fiquei a pensar se não seria melhor ter ficado com ele, mas continuei. Sempre em bom rítmo e começava a sentir as dores nas pernas e não mais me largaram até ao fim, sinal de má preparação para aquela distância e para o elevado grau de dificuldade. Estava surpreendida comigo própria tal a resistência que não imaginava ter, pois continuava a sentir-me fresca e a adorar aquela aventura. E sei que estava assim porque a 1ª metade da prova foi feita com muita precaução. Siceramente a dada altura comecei a sentir pena que aquilo ía acabar apesar das dificuldades sentidas. Durante o percurso fui me cruzando com a Glória Serrazina, uma mulher bastante experiente nestas andanças, com quem troquei palavras de força.
Sei que andei sozinha algum tempo até que fui encontrando e passando pela malta, muitos já caminhavam em terreno plano, era ver o pessoal cheio de lama até cima. Sem esperar encontrei o Mário Lima e trocámos palavras de força. Os últimos kms já foi bem mais duro, ou eram as pernas que pesavam, com sucessivas subidas longas e descidas. Houve um ponto em que nos juntámos com o pessoal dos Mini-trilhos e diferenciavam-se bem de nós, pois estavam pouco sujos eheheh. E sinceramente senti um certo orgulho em mim ao passar por eles com aquela lama toda colada ao meu corpo e pensar que já tinha feito aqueles kms todos até ali. E continuei em bom rítmo. Por vezes não imaginamos o que somos capazes de fazer. Mais à frente encontrei o Costa, lá no alto no cimo de uma rampa comprida e fiquei contente por ter encontrado alguém conhecido, pois já tinha passado muita malta e também passava das 4h a caminho das 4h30. Quando o encontrei soube que tinha caído, assim como o António Almeida que fui encontrar já no último km. O piso estava realmente bastante irregular, eu também quase que torci os pés por 2 vezes.
No percurso passámos por locais lindíssimos. Para além de visualizarmos o Rio Zêzere e o Rio Tejo em grande parte do caminho, íam surgindo moinhos nas zonas mais altas, o Castelo de Almourol, poços ainda utilizáveis, igrejas lindíssimas, fontes, flores tão bonitas, enfim locais em que a minha vontade era parar um instante e apreciar com toda a calma. Mas tinha de seguir. Com toda a certeza quero lá voltar de outra forma.
Pois é, e já contava no meu relógio cerca de 4h40, e pensei "a ver se faço menos de 5h". E o pessoal da Organização sempre simpáticos e diziam, falta pouco, o que é certo é que tinha quase a certeza que o percurso tinha mais de 38 km, e não me enganei. Já quase a chegar ao fim, passámos pela última ribeira, onde havia pessoal que ali parou e banhava-se a fim tirar a maior do lamaçal. Sabia que estava quase a terminar e sentia uma grande alegria pelo que fizera até ali. Finalmente visualizei a desejada META e alcancei-a. Sentia-me feliz! Concluí a prova com 4h54. Na classificação geral fiquei em 114º, na Geral Feminina em 13º e no meu escalão fui 7ª. O meu pai mais tarde confirmou que corremos pouco mais de 40 km.
Tivémos um banho quente retemperador nas Piscinas ali próximas, que soube tão bem.No final, com o grupo do Pára e Comando já completo regozijámo-nos ao almoço onde contámos as várias peripécias por que passámos.
Dou os Parabéns à Organização por este evento. Achei magnígico!
Relativamente ao dia de hoje... os músculos simplesmente queixam-se bem alto. Apesar disso, sei que fiquei fã deste tipo de corridas e sei que contarei aqui novas aventuras.
Comentários
Parabéns por concluíres este desavio tão bem...
Muitos parabéns pela tua coragem em avançar para um desafio tão exigente sem ter feito a preparação adequada. Apesar disso, foste capaz de o superar com um excelente resultado final.
bjs
MPaiva
Pela tua determinação em emfrentares um desafio desta ordem, mas que nos dá muito gozo fazer, apesar de todas as dificuldades porque se passa. Mas tudo o que se passa de mais dificil é superado pela grande satisfação que obtemos durante e na sua conclusão.
Que venha o teu próximo desafio deste tipo.
Bjo.
Zé Magro
Beijinhos para ti e para o Daniel das meninas, abraço meu ao Daniel, beijinho para ti.
António e meninas.
Fiquei muito contente por teres resistido aquilo, mesmo indo sózinha quase metade da prova, mas sabia que ias conseguir pois tens fibra suficiente para isso. Para uma 1ª experiência foi penoso, quer a parte final da prova, quer as consequências físicas posteriores daí inerentes. Mas pelo que tenho lido não é nada de anormal, pois o pessoal mais experiente e com mais "tarimba" apresenta também muitas mazelas e queixas depois de passar por esta dura experiência. Agora o que importa é recuperar e que o futuro não saia comprometido por esta prova de fogo.
Um beijinho.
Uma estreia bem dura.
Boa participação na companhia dos elementos da equipa Pára e comando.
Aproveito para enviar um grande abraço ao Daniel. Ainda hoje estive a ver fotos de Meia de Lisboa onde estou com ele no final.
Tudo de bom para vós,
Luís Mota
É a 2ª vez que a vejo com um brilhozinho nos olhos e este contar empolgante desta aventura em Almourol faz com que as minhas preocupações iniciais devido à dureza da prova e o que lhe poderia acontecer, não tinha razão de ser.
Uma excelente prestação, um excelente relato e desde já também uma excelente condutora.
:)
Esta equipe, Pára&Comando, não irá parar, novos trilhos, novas provas iremos vencer. Venham elas!!!
:))
Parabéns Susana!
parabéns pela prova e pelo espírito de superação. afinal ... só temos pena e desgosto pelo que não fazemos e esta bela experiência já ninguém lha leva.
passaram por mim em grande pedalada e eu bem gostaria de ter acompanhado o joaquim, mas ... não deu!!! :)
uma boa recuperação e continuação de óptimas corridas e aventuras.
ab - Tartaruga
Admirável!
Um grande beijinho e agora toca a recuperar....
e esse resultado depois dos Trilhos...é obra!
Ana Pereira